Amamentar: mais do que, simplesmente, leite.
A amamentação é um dos momentos mais importantes para que mãe e bebê aumentem seus laços efetivos e usufruam de diversos benefícios.
Para o bebê, os benefícios do aleitamento materno são inúmeros: a criança amamentada tem menor risco de desenvolver doenças alérgicas na infância, como asma e dermatite atópica, menor risco de doenças como otite e pneumonia, além de proteger contra doenças como gastroenterites agudas (aquela famosa virose que acomete bebês e crianças). Amamentar protege a criança contra doenças futuras, como diabetes, obesidade e até alguns tipos de câncer, além de promover o desenvolvimento adequado da arcada dentária, a mastigação e até melhores QI’s.
O leite materno é o alimento mais completo que existe. Ele pode ser considerado um fluido biológico dinâmico que atende as necessidades do bebê, nutrindo-o de forma completa até o sexto mês de vida e que continua com um papel nutritivo e imunoprotetor até o momento do desmame.
Dados de um estudo publicado no Lancet mostram que a mortalidade infantil poderia ser reduzida em 13% ao ano, se todas as crianças entre 0 e 23 meses fossem amamentadas.
Já para a mãe que amamenta, os benefícios são tais que as ocorrências de sangramento pós-parto diminuem, há mais rápida perda de peso, redução de risco de câncer de mama, ovário e endométrio e ainda maior proteção contra doenças cardiovasculares.
Confira algumas dúvidas muito frequentes quando conversamos sobre o tema:
Leite fraco: isso existe?
Não, não existe leite fraco, existem dificuldades. Existe, por exemplo, baixa produção de leite, que ocorre por inúmeros fatores, mas nunca porque o leite da mãe é fraco.
Como já dito, o leite materno é um alimento excelente, o melhor para o seu filho. É verdade que este líquido pode variar de cor e textura, mas isso acontece porque o leite materno muda de acordo com as necessidades do bebê, em cada fase da vida e ao longo das mamadas.
Apesar disso, existem fatores que podem prejudicar a amamentação como a exaustão materna, seja por privação de sono, estresse, cansaço, muitas vezes associados com depressão perinatal. Outros fatores como pega e posicionamento incorretos no peito, podem causar disfunções orais no bebê, língua presa e afetar diretamente na produção de leite, por exemplo, pelo estímulo inadequado.
Amamentar é um verdadeiro desafio!
Quando amamentar:
em livre demanda
ou a cada 3 horas?
Se você pensa que o bebê precisa ser amamentado a cada 3 horas, se enganou. A amamentação em livre demanda é sempre a mais indicada para o bebê e isso significa que nem sempre vai existir um horário estipulado para isso.
Com a livre demanda, o bebê promove o esvaziamento do seio adequado, evitando o ingurgitamento mamário, conhecido como “peito empedrado”.
Caso o meu peito
esteja muito cheio,
eu posso dar de mamar?
Você pode oferecer o peito ao seu bebê para que ele possa mamar e esvaziá-lo, também promovendo o alívio das mamas.
Amamente em livre demanda sempre! Isso significa estar atenta aos sinais de fome do seu bebê.
Veja algumas dicas!
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A primeira mamada:
Procure colocar o bebê “pele a pele” com você assim que o bebê nascer. Deixe o bebê próximo a você, para que tenha oportunidade de mamar no peito.
Nos primeiros dias, o bebê recebe o colostro, um leite de cor amarelada, semelhante ao mel, e riquíssimo em fatores imunológicos e protetores. Ele é considerado a primeira vacina do bebê.
Pega adequada:
A pega adequada não deve doer, e alguns sinais são importantes:
a. Os lábios estão voltados para fora.
b. O queixo toca a mama.
c. O nariz está livre.
d. O olhar do bebê está voltado para a mãe.
Quando a pega do peito não é adequada, a criança pode receber pouco leite e machucar o seio da mamãe, provocando rachaduras, fissuras e sangramentos.
Para evitar essa situação, que pode resultar em muita dor para a mãe, coloque o pequeno em uma posição que favoreça a pega.
Posição adequada:
A mais usada é a posição com o bebê totalmente voltado para a mãe, com a cabecinha na altura do mamilo, barriga com barriga. Atente-se para a boquinha, já que ele precisa abocanhar a aréola toda e não só o bico.
Use o bico do seu seio para estimular o lábio inferior da criança, para que ela baixe a língua e abra bem a boca. O ideal é que os lábios do pequeno fiquem voltados para fora. Preste atenção se o bebê mexe o queixo e se você pode ouvi-lo engolindo o leite. Estes são bons sinais!
Em paz para mamar
A hora da amamentação precisa ser tranquila, por isso, procure por locais calmos para que você e o bebê não fiquem agitados.
Escolha uma poltrona confortável, com um bom apoio para os braços e costas, e uma almofada de amamentação que favoreça uma posição adequada.
Escolha roupas confortáveis para você e seu bebê, e deixe tudo à mão que você precise, como uma garrafa de água.
Não hesite em procurar ajuda!
Apesar de ser um momento importante para a mamãe e bebê, é preciso lembrar que a amamentação pode ser um enorme desafio, e que, muitas vezes, por falta de informação e apoio adequado, muitas mulheres acabam não conseguindo amamentar o tempo que gostariam. Saiba que a amamentação não te define como mãe, e que, apesar de ser uma forma de vínculo com o seu filho, não é a única!
Caso você esteja passando por dificuldades, não hesite em procurar ajuda de um especialista, isso pode fazer toda a diferença!
Referências bibliográficas
Manual de Alimentação: orientações para alimentação do lactente ao adolescente, na escola, na gestante, na prevenção de doenças e segurança alimentar / Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Nutrologia. – 4ª. ed. – São Paulo: SBP, 2018.
Human Milk and Lactation . Nutrients 2020, 12, 899; doi:10.3390/nu12040899
https://www.thelancet.com/series/breastfeeding